Uma madrasta tentando sair da condição de viúva

Todos nós somos enfeitiçados pelos contos de fadas. Personagens nobres e bons que sofrem. Personagens maus que, de tão maus, são péssimos. Histórias de orfandade, de injustiças. E, ao final, todos são redimidos. Encontram-se os pais, os grandes amores, os péssimos são punidos. Assim é com “Cinderella”, que reúne na mesma trama todos esses elementos.
A transposição feita em 1956 por Rodgers e Hammerstein, autores do consagrado “Música Divina Música”, é remodelada por Douglas Carter Beane para introduzir temas contemporâneos nos tempos do politicamente correto: luta social, irmã legal, amor por merecimento. Assim, mantém-se o mito e a emoção, mas, ao mesmo tempo, tem-se a necessária dose de conteúdo para ir além do conto de fadas.

Um musical clássico, mas com características particulares. Charles Möeller, diretor junto com Claudio Botelho, chama a atenção, por exemplo, para a forte presença de Shakespeare no espetáculo: “O Príncipe, logo em sua primeira canção, coloca em dúvida se tem ou não vocação para ser rei. Uma forte presença do ‘ser ou não ser’ do Hamlet”. Para o diretor, “há também um olhar diferente para a mulher – nos anos 50, era ela a própria dona do seu lar, seu único espaço de ação. Em ‘Cinderella’, a protagonista entende as ideias de igualdade entre os cidadãos e as repassa para o Príncipe, enquanto dança com ele durante o baile”.
Com Bianca Tadini no papel-título e Totia Meireles como a madrasta mais preocupada em deixar a condiçãoo de viúva e desencalhar a filha, assistimos a um desfilar de canções que misturam os episódios clássicos do baile e a perda dos sapatos com novos, como a revolta dos camponeses. É a maior prova que os tempos mudaram mesmo: até a madrasta é simpática e tem final feliz.

Serviço
Teatro Bradesco Rio
Sextas às 21h
Sábados às 16h e 20h
Domingos às 16h

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Fonte: Lu Lacerda

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