Cinderela moderna e politizada chega a SP em adaptação da Broadway

Esqueça aquela mocinha apaixonada e melindrada que sonha apenas em cair nos braços de seu príncipe e ser feliz para sempre, amém.
No musical "Cinderella", que estreou na última sexta-feira (11) no Teatro Alfa, a protagonista quer mais: ela vai à procura do herdeiro para falar sobre a situação deplorável dos pobres do reino e pedir ajuda..
É claro que pinta um clima entre os dois logo de cara, mas essa versão moderna do conto de fadas, que estreou em 2013 na Broadway e é baseada na obra francesa de Charles Perrault, abre espaço para histórias mais densas.
"Ela coloca em cena questão femininas e políticas", diz Charles Möeller, o diretor, que ressalta a importância dos autores Richard Rodgers e Oscar Hammerstein. "Eles são grandes gênios. O musical moderno existe por causa desses caras", afirma, referindo-se à dupla norte-americana que assina a trilha de clássico como "A Noviça Rebelde" e "O Rei e Eu".


"O público vai ouvir as melhores valsas do mundo. "As canções, com versões de Claudio Botelho, embalam a história da bela garota (Bianca Tadini) que é maltratada pela madrasta (Totia Meireles) e pelas meias-irmãs (Raquel Antunes e Giulia Nadruz).
Quando o príncipe (Bruno Narchi) surge no palco, efeitos especiais prendem a atenção do público. Há dois hologramas em 3D de um gigante e de um dragão, por exemplo - com os quais ele luta. As laterais da plateia também servem de cenário para projeções que simulam fogo. Essas técnicas foram incorporada aqui no Brasil, não existem no espetáculo da Broadway, e Möeller e Botelho criaram cenário, figurino e todos os outros detalhes.
Produtora-executiva da Fábula Entretenimento, Renata Borges conta que começou a negociar a compra dos direitos da peça em 2013, em Nova York, e que a condição era a de não trazer nada "enlatado" de lá. "A gente tem capacidade de fazer no Brasil coisas tão boas quanto, não precisa imitar nada."
Ela diz que, logo no início, sua primeira opção já era ter Möeller como diretor, mas que houve um desencontro e ela acabou indo atrás de outros nomes, como Ernesto Piccolo e Ulysses Cruz, que ficaram pouco tempo na montagem. "Eles não entregaram o que eu queria", afirma.
Escolhida entre mais de 2.000 atrizes, Bianca Tadini relembra que ficou uns dez minutos sem conseguir falar após receber a notícia de que tinha sido a escolhida para interpretar a protagonista.

Em choque

"Desliguei o telefone em choque", diz a artista, que faz uma gata borralheira forte e cheia de convicções. " A gente fala de coisas importantes como compaixão e bondade." Bianca usa os famosos sapatos de cristal (confeccionados por Fernando Pires) e os vestidos com mais de 10 mil pedras e tecidos vindos de Paris (figurino de Carol Lobato). As trocas de roupas ocorrem num piscar de olhos.
Bruno Narchi, que faz um príncipe cheio de dúvidas e fragilidades, diz que "chega um ponto na peça em que você acha que sabe o que vai acontecer, mas tudo muda." E isso surpreende o público - que, no caso, poderá ser composto de adultos e crianças, pois as piadas e os temas da montagem valem para ambos.

Cinderella
QUANDO qui., às 21h, sex., às 21h30, sáb., às 16h e 20h, dom., às 17h
ONDE Teatro Alfa, R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000
QUANTO R$ 50 a R$ 140
CLASSIFICAÇÃO Livre


Nenhum comentário:

Postar um comentário