Memórias da nossa Estrela Totia Meireles filha do coronel Meireles

No ar como a malvada Wanda de Salve Jorge, a novela de Glória Perez da TV Globo, Totia Meirelles se surpreende a cada dia com a repercussão de seu personagem. Com uma carreira construída degrau por degrau, não estava habituada a ser perseguida pelos fãs, como aconteceu na semana passada num grande shopping da Zona Norte carioca onde foi filmar para o Video Show. A atriz chegou a ter medo da multidão que demonstrava raiva da vilã e, ao mesmo tempo, admiração por seu trabalho: “É muito prazeroso”, admite, “mas tem sempre uma piadinha tipo `trafica ela e leva pra Turquia!´”
Totia é o exato oposto de Wanda, a megera . É simpática, gentil e alegre. Mas não é a diferença que dá trabalho à atriz, são as nuances do personagem, que exigem estudo e concentração. Diz não ser fácil gravar uma cena traficando um bebê.
A atriz tem um temperamento que tende para o divertido. Basta lembrar sua primeira noite em Cuiabá, para onde seus pais se mudaram quando ela tinha 12 anos de idade. A cidade ainda era relativamente pequena e nela só se chegava de avião ou por uma estrada de terra: “Não tinha nem sorvete Kibon!”, lembra rindo. “Cheguei e percebi que os cuiabanos eram muito festeiros. Todos se conheciam e na minha primeira noite me levaram ao aniversário de 15 anos do Pitoco, um garoto muito popular. Ficou meu amigo pro resto da vida. Aliás, todos os amigos da adolescência em Cuiabá são meus amigos até hoje”, lembra.
Filha de militar, morava com a família numa casa de hóspedes do exército no bairro da Boa Morte, na Praça da Boa Morte. Explica que o nome vem da igrejinha da Boa Morte, que fica no local: “E atrás tem o cemitério da Boa Morte”, relembra. “A pracinha era o local dos encontros e brincadeiras. A gente trocava cadeira de balanço na porta de casa, fazia serenata, foi uma época maravilhosa. A cidade só tinha casas e uns dois ou três edifícios!”
O colégio onde cursou o ginásio foi o Coração de Jesus, de freiras e só de meninas. Depois passou a estudar à noite no Dom Bosco, colégio misto de padres.”
Terminados os estudos Totia voltou a morar no Rio e se formou em Educação Física. Mas a família continuou em Cuiabá. O pai, que ela perdeu há seis meses, deixou o exército e ficou na cidade com a mulher. Foi prefeito, quando Dante Oliveira deixou o cargo para disputar eleição para governador do Estado. Os irmãos estudaram fora mas voltaram depois de formados e foram se casando com cuiabanas. Continuam todos lá, agora com filhos. Totia vai vê-los pelos menos uma vez por mês, já que é garota propaganda há sete anos da City Lar, uma loja de eletroeletrônicos para a qual grava novos comerciais todos os meses: “É ótimo porque visito minha família e ainda ganho dinheiro”, diz bem-humorada.
Observa que hoje a cidade está diferente: “Cresceu muito. Não conheço praticamente ninguém. As pessoas nem sabem que morei lá. Mas meus amigos ficam orgulhosos porque acompanharam minha carreira. Antes eu era a filha do Coronel Meirelles. Depois ele brincava que tinha se tornado o pai da Totia”.
O apelido Totia ela não lembra como surgiu. Foi batizada como Maria Elvira mas só se conhece como Totia: “Achei que nunca seria levada a sério com este nome”. Não só foi levada a sério como até homenagem ganhou do autor teatral e diretor Flávio Marinho. Na peça Abalou Bangu o personagem de Cristina Pereira se chamava Maria Elvira e era chamado pelo marido de “minha Totiazinha”: “A gargalhada de Totia ecoava pelo teatro quando fui assistir”, conta o autor.
Totia nunca fez curso de teatro. Estudou balé desde os seis anos e orgulha-se de ter sido aluna de Eleonora Oliosi, ex-primeira bailarina do Teatro Municipal. Foi professora de jazz na academia de Marly Tavares e até hoje faz dança. Foi através da dança que se tornou atriz. Estreou em Chorus Line em 1983, o espetáculo que lançou Cláudia Raia. Não se importou de ser atriz-substituta porque ganhou cancha. Em Noviças Rebeldes, algum tempo depois,era stand-in de todo o elenco: “Depois peguei o papel de irmã Maria José. Mais tarde dividi com Cininha de Paula o papel de Madre Superiora. Substituí também a Cláudia Raia em Loja dos Horrores”. Iria ser a protagonista de um musical este ano mas não pôde aceitar. Está reservada pela TV Globo para uma próxima novela e não pode assumir nenhum compromisso mais longo.
Enquanto grava Salve Jorge sai pouco, no máximo para jantar num restaurante perto de casa. Nos finais de semana vai para a cidade serrana de Miguel Pereira onde mora o marido, o médico Jaime Rabacov, o cozinheiro da família. Ela já preparou o famoso arroz Maria Isabel, que explica ser uma comida típica de Cuiabá feito com carne seca: “Adoro comer e quando viajo procuro conhecer restaurantes e provar novos pratos. Mas não cozinho. O Jaime é muito melhor”.

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