Por incrível que pareça, ser atriz não estava nos planos de Totia. Com formação em balé clássico, o que ela pretendia era ter sua própria academia de dança. Mas, depois de participar do musical "Chorus Line" – que tinha sua atual parceira de cena, Claudia Raia, a Lívia da novela, como protagonista –, as oportunidades na tevê foram surgindo. Timidamente, começou a contracenar com Chico Anysio. "Não tinha medo nenhum porque não era aquilo que eu queria. Não tinha nenhuma responsabilidade. Acho que isso foi bom para mim porque eu não ficava tensa, não ficava nada", revela, bem-humorada. Em 1989, fez sua primeira novela, "Que Rei Sou Eu?", interpretando Monah. O que era para ser apenas uma participação acabou se tornando uma personagem que ficou até o fim da história. "Demorei para aceitar que eu era atriz. Sabia que queria ser atriz de musical, mas, de televisão, não tinha nenhuma vontade. Foi nessa novela que eu pensei: 'Acho que é bacana'", conta ela, que também atuou em produções como "O Clone", "Duas Caras" e "Divã", entre outras.
Folha: No início de "Salve Jorge", Wanda exercia a função de enganar pessoas e atraí-las para o tráfico humano. Com o desenrolar dos capítulos, a personagem se mostrou capaz até de matar. O que mais surpreendeu você em relação à trajetória do papel? Folha: O elenco da novela participou de "workshops" sobre, além de outros assuntos, o tráfico humano. Como foi conhecer pessoas que já foram traficadas e famílias que perderam seus parentes para o crime sabendo que a sua personagem representaria isso?
Folha: Em 25 anos de carreira na tevê, por que nunca fez uma vilã antes?
Totia: Nunca me chamaram. Não sei se as pessoas nunca me enxergaram assim. Acho que eu tenho um sorriso muito aberto, todo mundo olha para mim e vê uma pessoa do bem, feliz.
Folha:Acredita que, depois da Wanda, as possibilidades de você interpretar mais personagens diferentes dos que tem feito irão aumentar?
Folha: O público estava acostumado a ver você na pele de personagens mais suaves, como a Zambeze de "Fina Estampa", de 2011. Como tem sido a repercussão da Wanda?
Totia: É muito legal porque o que eu vejo é como as pessoas me enxergavam. Elas dizem: "Bacana seu trabalho, gosto muito". Acho que, como a Wanda é muito má, as pessoas não gostam dela e, ao mesmo tempo, gostam de mim, da Totia. É muito legal isso. O primeiro impacto das pessoas quando me veem é vir me dar os parabéns. Dizem: "Parabéns, mas eu estou te odiando" (risos). Isso é legal, eles estão vendo um trabalho.
Folha: Esta é sua quarta novela da Gloria Perez. Antes, você atuou em "O Clone", de 2001, "América", de 2005, "Caminho das Índias", de 2009, e também fez uma participação na minissérie "Amazônia – De Galvez a Chico Mendes", exibida em 2007. Ter tido tanto contato com o texto da autora facilita o seu trabalho em "Salve Jorge"?
Folha: Você nunca interpretou uma protagonista e agora vive o papel de maior destaque em sua carreira. Até que ponto o tamanho dos personagens dentro de uma trama é relevante para você?
Folha: O que leva em consideração antes de aceitar um papel?
Totia: Acho que o momento. Em uma obra aberta, eu já tive várias surpresas. Em "O Clone" foi uma surpresa porque eu entrei para fazer só a primeira parte. Teve uma passagem de tempo na novela, entravam alguns personagens e outros saíam. Na primeira cena que eu gravei com a Vera Fisher, o Marcos Schechtman (diretor) perguntou se já havíamos trabalhado juntas e eu disse que era a primeira vez. E ele falou: "Vocês têm uma química muito boa, acho que você vai sobreviver à primeira fase". Eu entrei na novela para fazer 30 capítulos e fiz a novela inteira. Isso é legal porque você nunca sabe o que esperar do personagem.
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