Totia na Revista Quem "Quando fiz 50, achei muito ruim"

Aos 54 anos, atriz vibra com o sucesso de Wanda, a vilã que interpreta em "Salve Jorge". Casada há 21 anos com o médico Jaime Rabacov, ela dá graças a Deus por não ter tido filhos, afirma que não é tão vaidosa quanto gostaria e diz que se preocupa, sim, com o tempo. “Não estou nem um pouquinho a fim de fazer 60. Tomara que passe tudo bem devagar”
Maria Elvira, nome de batismo de Totia Meireles, está radiante. Aos 54 anos, após 27 anos de uma carreira vitoriosa, mas cheia de papéis secundários, e praticamente todos de moças do bem, o sucesso veio com Wanda, a perversa traficante de humanos da novela "Salve Jorge", da TV Globo. “Quero ser odiada mesmo. Sempre fiz a mãe boazinha, a amiga que todo mundo queria ter”, diz Totia.


Formada em educação física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professora de balé, até os 27 anos ela nunca havia pensado em ser atriz. Até que surgiu um teste para o musical "A Chorus Line" e, depois, um convite para um programa do Chico Anysio. Ali, Totia mudou de profissão, deixando para trás o sonho de montar uma academia de dança.
Casada há 21 anos com o médico Jaime Rabacov, 57 anos, Totia e o marido mantêm, há 19 anos, um relacionamento a distância durante a semana. Ela fica no apartamento do casal, na Zona Sul do Rio, e ele, no sítio em Miguel Pereira, no interior do estado. Aos sábados e domingos, os dois se encontram em um dos dois endereços e, segundo a atriz, dá tudo certo. Com sete irmãos, 19 sobrinhos e dois netos postiços, Santiago, 4 anos, e Pilar, 4 meses, filhos de Olívia, 35, de um relacionamento anterior de Jaime, ela, que não teve filhos biológicos, sente-se realizada como tia e também como mãe e avó emprestada. “Acho muito difícil para a mulher tomar a decisão de não ter filhos.”

QUEM: Wanda é sua primeira personagem de grande repercussão. Como é experimentar tanto sucesso aos 54 anos?
TOTIA MEIRELES: É muito bom ver seu trabalho reconhecido. E é legal que a idade dá a maturidade de saber que isso é passageiro. Estou aproveitando enquanto a Wanda existe. Daqui a pouco, ela vai deixar de existir e vai vir outro personagem. Não tenho deslumbramento nenhum.

QUEM: Nunca existiu frustração por ainda não ter vivido uma protagonista?
TM: Não tive ambição dentro da minha carreira na televisão, tive no teatro. Nunca tive uma frustração. Sempre aceitei muito bem. Acho que sou muito comodista nessa parte. O que a gente sempre quer é fazer bons personagens.

QUEM: Por que só decidiu ser atriz aos 27 anos?
TM: Meu pai, José Meireles (falecido há 4 meses), era militar. Nasci no Rio, a gente se mudou para Pindamonhangaba (interior de São Paulo), e fomos para Cuiabá quando eu tinha 12 anos. Fiquei até os 15, 16, e voltei para o Rio para estudar. Fiz faculdade de educação física na UFRJ, para ter uma academia de balé. Ser atriz nunca passou pela minha cabeça. Comecei a dar aula de balé e fiz teste para o musical A Chorus Line, em 1983. Passei e adorei. A Globo me chamou para fazer o programa do Chico Anysio. E vi que eu era atriz, com 27 anos. Comecei velha porque já era professora, fazia faculdade para montar uma academia e comecei totalmente por acaso.
QUEM: Como está sendo viver a Wanda?
TM: Minha família diz que sou muito melhor má do que boazinha. Estou experimentando um lado que nunca exercitei na TV, estou adorando. Quero ser odiada mesmo. Sempre fiz a mãe boazinha, a amiga que todo mundo queria ter. Já tinha feito mazinhas no teatro, mas não nesse grau. Acho que nem existe coisa pior do que a Wanda. Na cena dos bebês (em que a personagem negocia friamente recém-nascidos com uma suposta ladra de crianças que depois serão traficadas para o exterior), cheguei em casa com um nó na garganta, uma angústia. Fiquei muito mal depois e dei uma choradinha.


QUEM: Você está casada há 21 anos com Jaime, mas moram em casas separadas. Como funciona?
TM: A gente casou e o sonho dele sempre foi morar em um sítio, então, comprou um terreno em Miguel Pereira e fomos construindo aos poucos. Tivemos um assalto lá em casa, acordamos com revólver na cabeça... Ele ficou meio traumatizado e disse que ia se mudar para Miguel Pereira. Eu disse que não podia, fica a 1 hora e 40 minutos do Rio, eu estava trabalhando. Mas era o sonho da vida dele e eu dei a maior força. De jeito nenhum pensamos em nos separar. Ele mora lá e nos fins de semana eu vou ou ele vem. Já tem uns 19 anos desse jeito, e tudo dá certo. Não sou rural, de ficar escutando passarinho. Mas minha casa é lá também. Tomo conta das duas. Homem não liga muito para coisas de casa.

QUEM: Esse seria o segredo para uma relação duradoura?
TM: Depois de 20 e poucos anos, tem o desgaste, é difícil. Isso a gente não tem. Acaba sendo um namoro, mas mesmo sendo só nos fins de semana acaba virando uma rotina ver o seu marido só naqueles dias. Quando vamos viajar, pensamos “será que vamos aguentar ficar um mês juntos?” (risos).


QUEM: E o ciúme?
TM: Acho o ciúme dele normal, nada que me impeça de fazer nada. Acho que sou mais ciumenta. O Jaime é uma pessoa adorável, realmente tirei a sorte grande. Não há cobranças entre a gente, acho que isso é maturidade dos dois. A gente nunca brigou, um respeita o outro.


QUEM: Com duas casas, como as contas são divididas?
TM: Não tem o meu e o seu. É tudo misturado. Ele paga uma coisa, eu outra. O que ele ganha com o que eu ganho é tudo o que a gente tem para viver e pronto. Sempre deu certo.




QUEM: Com tanto tempo de casamento, ainda existe romantismo?
TM: Quando uma cena sai legal, ele manda flores. Comemoramos tudo. Sou louca por datas. Gosto de comemorar aniversário, namoro, casamento. Não consigo me ver longe dele. Velhinha ficará mais difícil de ficar indo e voltando, mas a gente ainda tem essa efervescência, tem muito por fazer. Ainda quero trabalhar até muito velha, não sei qual será a nossa relação, mas estaremos juntos.

QUEM: Por que não teve filhos?
TM: Acho muito difícil para a mulher tomar a decisão de não ter filhos. Tentei engravidar aos 36 anos, fiz um tratamento que estimula a ovulação. Sempre quis ter filhos, mas, quando veio a menstruação, percebi que era um sinal, que eu não queria ser mãe. Dou graças a Deus por não ter tido. Não queria cuidar, acordar de madrugada, ter essa responsabilidade. Filho é para quando você é nova. Filho você não desliga e pendura no armário.
QUEM: Você está muito bem para a sua idade. Já fez plástica?
TM: Fiz um minilifting no pescoço, tinha um papinho que odiava. Também fiz botox e preenchimento. Queria colocar silicone, mas depois desisti. Não sou muito vaidosa, queria ser muito mais. Eu tenho a pele de quem tem 54 anos, sim. Comecei a me cuidar muito tarde, era aquela que ia à praia e descascava inteira. Com quase 40, comecei a me cuidar mesmo. Gosto de malhar de manhã. Faço corrida, escada e transport. Tenho personal trainer três vezes por semana. Continuo fazendo balé, mas há dois meses não vou.


QUEM: Você já declarou que estava louca para fazer 50 anos e depois disse que não está gostando. Como é isso?
TM: Quando fiz 40, tive crise dos 40. Não queria. Mas, os 50, estava louca para fazer. Acho bonito uma mulher fazer 50, traz uma maturidade, você não tem que ser tão esticadinha, pode ter rugas. Mas, quando fiz 50, achei muito ruim, não é esse glamour (risos). Agora acostumei. Melhor fazer 50 do que não fazer, né? Mas não estou nem um pouquinho a fim de fazer 60. Tomara que passe tudo bem devagar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário